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segunda-feira, 9 de julho de 2012

A INVENÇÃO DAS TRADIÇÕES


Somos constantemente guiados por valores que sequer sabemos o motivo de tal comportamento. Tendo como base o nascimento de uma tradição, que tanto marca os valores histórico-sociais de uma determinada cultura, as tradições, normas e valores transmitidos de pai para filho se mantêm e prosperam. Algumas se desmancham, outras duram por séculos a fio como a religião, por exemplo, mas o fim é certo para uma grande maioria delas. 

As tradições, podemos simplificar grosso modo, funcionam como uma espécie de controle comportamental dos indivíduos de uma mesma sociedade, uma espécie de transe generalizado. Ou seja, para se manter o controle sobre o modo de vida, do pensamento, de como as pessoas se comportam ou mantêm suas vivências sociais é preciso de algo que legitime essas atitudes. Por séculos a religião Cristã manteve este tipo de monopólio das atitudes de seus fies com suas normas e crenças que ao longo da vida foram transmitidas dos avôs aos pais, dos pais aos filhos. E assim podemos dizer que ainda funciona. Quem nunca deixou de comer carne em uma sexta-feira da paixão por respeito à morte de Cristo? Quem nunca deixou de dizer palavras de baixo calão em tempos de quaresma por medo da “mula-sem-cabeça” ou “mão peluda”? Quais os fundamentos que implicam estas questões que tanto nos são transmitidos? A resposta pode ser simples e resumir a forma como a história da humanidade se construiu: controle sobre o pensamente, sobre as atitudes e, principalmente, sobre a vida de um indivíduo. 

Para alem disso, podemos dizer que as tradições possuem todo um contexto social e que seu surgimento está intimamente ligado a instituições ou líderes que possuem certos interesses, sejam de ordem econômica ou política. Hoje se tornou quase um ritual as famílias brasileiras sentarem-se em frente à TV para assistir o que acontece no Brasil e no mundo nos telejornais vazios e repetitivos que há na TV aberta. As opções são muitas, mas o padrão Global de televisão é um só. Tendo como modelo a ser seguido, o Jornal Nacional tornou-se símbolo de jornalismo, um tradicional padrão que é imitado e seguido, não apenas por outras emissoras televisivas, mas por milhões de pessoas que responde “boa noite” ao ícone do telejornalismo: William Bonner. 

Entretanto muitas das tradições que seguimos, uma maioria sem fundamento, são reconstruções de fatos passados que funcionam como uma espécie de construção do mito de um herói. Na história do Brasil temos vários ícones que ilustram bem esta questão como Tiradentes, Deodoro da Fonseca, Vargas e até mesmo J.K. Mas o que podemos observar é que destes “heróis fabricados” é que juntamente com sua falsa ideia de honra nascem, também, novos valores e novas formar de obter a manipulação sobre as massas. Não obstante, esses valores atravessam gerações, e se mantém intactos, com um provável indício, porem inexistentes, de desaparecer. Um exemplo clássico de tradição mantida é a “Hora do Brasil”, um jornal difusor que é transmitido em todas as estações de rádio no período das 7 as 8 da noite, mas que poucos dão atenção. 

Alguns sistemas, econômicos e políticos, também podem se tornar, de certa forma, uma tradição. Envolvendo toda uma estrutura de ordem social, que acaba por inferir na cultura de uma determinada sociedade moldando sua forma de pensar, esses sistemas podem ser transformados de uma hora para outra, mudando contigo os ideais de sua população, como o ocorrido na Alemanha. Antes de ser derrubado, o muro de Berlim dividia a Alemanha em dois blocos: A República Federal da Alemanha, constituído pelos países capitalistas e, claro, encabeçados pelos EUA e a República Democrática Alemã, que democrática não tinha nada e obrigava os moradores deste bloco a se filiarem ao partido, obrigando aos que não colaboravam com tais ideais a fugirem para o outro lado, como demonstra o filme Adeus Lênin. Embora ambas as partes coexistissem, o bloco socialista não aceitava o inebriante mundo do capitalismo e seus ideias de liberdade econômica, lucro como fator de preexistência e falso caráter de igualdade. O capitalismo seduz as pessoas a acreditar no sonho utópico de que qualquer um poderia enriquecer, mas que na prática, como demonstra o documentário “Capitalismo, uma história de amor”, isso nunca acontece realmente. 

Adeus Lênin demonstra de forma sublime como tais tradições podem ser criadas e desfeitas do dia para noite. Tendo como protagonista o jovem Alex, o filme mostra a luta do pequeno “cosmonauta” para manter sua mãe viva, que após ter enfartado por vê-lo na luta pela reunificação da Alemanha, entra em coma profundo e dorme por cerca de 8 meses, não acompanhando as mudanças sociais e políticas que acontecera no país. Alex consegue construir um mundo de fantasias para sua mãe, na tentativa de impedir que ela morresse por conta de outro ataque cardíaco, e transforma a RFA (República Federal Alemã) em um governo aceitável. Ela morre, mas Alex transformara a Alemanha para sua mãe em um país dos sonhos onde todos gostariam de viver... Em suma, podemos concluir que as tradições nada mais são do que uma forma de moldar comportamentos, legitimar instituições e construir de forma sutil a legitimidade de visões políticas. Embora às vezes duradouras, são mutáveis e nenhuma dura para sempre.

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